NO JARDIM DO VOVÔ... - Contos da Vovó Dida


                                               No jardim do vovô...
                                                                                Nilza Chagas de Amorim

Todas as manhãs, como de costume,  o vovô Pedro cuidava carinhosamente do seu jardim. O Sol da manhã e aquela atividade prazerosa faziam um bem imenso para seu corpo e seu espírito.
 Para o vovô, isso significava saúde e longevidade.
             Verão, férias escolares, aposentadoria. Tudo de bom! Maravilha! ... Alegria, Alegria!
            Esse entusiasmo todo era porque a netinha veio passar as férias com ele. Compartilhar as experiências com a Lili era tudo que o vovô mais queria.
Ela só tinha seis aninhos. Meiga, sonhadora, carinhosa, curiosa e muita atenta, qualidades da netinha que ele muito admirava.

 Numa bela manhã, no jardim do vovô Pedro, Lili observou umas lindas lagartinhas e ficou encantada com a graciosidade dos seus movimentos em cima das folhagens. Elas eram Ágeis e gulosas. A partir daí, todas as manhãs ela corria para ver as gulosinhas, suas queridas lagartinhas. E elas:
            Comiam, comiam, comiam e sem parar.
            Comiam, cresciam, e engordavam.
            Lili, fascinada com as graciosas lagartas.
            Observava e pensava:
 Que Lagartinhas mais engraçadas!
            E as lagartinhas, como sempre e sem parar:
            Comiam, comiam, comiam.
            Cresciam, cresciam, cresciam.
Engordavam.
Lili, cada vez mais encantada.
            Numa dessas manhãs, como era de costume, Lili foi correndo ver as lagartinhas graciosas que tanto lhe encantava e, sem entender o que se passava, gritava desesperada:
            - Sumiram!
            - Desapareceram!
            - OH! Que horror. Meu DEUS!  O que aconteceu?

            E nesse monólogo desesperado, acompanhado por soluços entrecortados, fez com que o vovô Pedro, viesse correndo em sua direção, porém já imaginando o que teria acontecido,  sob forte emoção, solícito, foi ao seu encontro, tentar contornar a situação.
E Lili gritava desesperada, sem poder conter a grande emoção.
Vovô Pedro, com sabedoria e a paciência que lhe era peculiar falou:
- Calma Lili, não se desespere assim! - Não chore, por favor, sossega. Vou lhe explicar o que aconteceu.
            A menina chorosa, em soluços, tentando conter o choro. Confiante aguardou ansiosa a explicação.

            E o vovô calmamente falou:
            - Lili veja essas formações penduradas nesta plantinha. São elas, suas lagartinhas.
A garotinha, num impulso inocente gritou:
            - Que horror! Vovô. Que horror!    E afirmou aos gritos.
            - Uma bruxa as transformouuuuuuu.
             E o vovô asseverou com carinho. -  Lili, não foi isso que aconteceu.
            - Foram bruxas sim. Oh! Meu Deus.
Surpreso com aquela reação, logo tratou de desfazer aquela indignação.
            - Lili querida. Você é inteligente e irá logo entender que é a ação da Mãe Natureza. Pode crer.
            - Vovô.  Eu não entendo, e nunca vou entender.
            O vovô Pedro insistiu. - Lili!  Você se lembra da experiência que nós fizemos com o grão de feijão?... Nós o colocamos num algodão molhado dentro de um copo, e, dia após dia ele se transformava em uma linda plantinha? E que mudanças! Grandes foram às transformações que num curto período ele passou?

         A menina agora, mais calma e reflexiva expressou um suave sorriso, e com os olhinhos brilhantes, cheia de esperança e grande emoção, balançou a cabeça repetida vezes, e com alegria incontida confirmou seus gestos com palavras:
            - Sim, sim, sim vovô. Como me lembro! Lembro sim.
            E num impulso carinhoso ela abraça o avô, e ele a beija seu rostinho retribuindo o gesto carinho.
            - Pois é meu amor. Essas transformações são casulos.
Casulos de borboletas.
Lagartinhas que pararam
Para curtirem o sono de beleza.
            - Agora Lili querida, preste bastante atenção!
Pois em breve, muito em breve verás uma grande transformação.

E vovô continuou com a sua conversa amiga, neste jardim florido e tão perfumado, acompanhado com o cântico mavioso dos pequeninos e encantadores pássaros.

- A Natureza nos fornece tudo que precisamos:
Água para saciar a sede, cuidar da nossa higiene e diversão.
E muito mais:
O ar que respiramos a terra em que plantamos;
O sol que nos garante a vida, alimentos de montão;
Remédios, abrigos, matérias primas para o nosso conforto e proteção;
Luz para os nossos olhos, muita beleza e muita emoção.
Enfim, Natureza, também somos nós com certeza.
Obra divina sempre em expansão e é nosso dever trabalhar e lutar pela sua conservação.
- Lili! Cuide bem do nosso jardim
Cantinho de extrema beleza.
Pois em breve, muito em breve com certeza,
Verás as mais belas  borboletas.

A menina pouco entendeu da emoção do vovô, porém obedeceu, cuidando bem do jardim, cantinho repleto de flor.
Um dia Lili, olhando para aquela plantinha viu um casulo se mexer. Parou, e observou que, daquela formação tão estranha uma borboleta se formou, e ao deixar o seu casulo como uma linda criaturinha movimentando as delicadas asinhas, em sua direção voou.
Ela a seguiu com os olhinhos, porém logo percebeu que ao redor do seu corpinho, e bem pertinho, como a lhes agradecer! Lindas borboletas tão iguaiszinhas que só a Mãe Natureza pode fazer.
E num balé encantador que desperta em nós suave emoção, as lindas borboletinhas fazem despertar o amor pela a Natureza e sentir a extrema beleza da vida sempre em transformação.
E para completar o que o ciclo da vida determina: as lindas e exímias bailarinas num flutuar gracioso, vão cumprimentar e se alimentando, procriando e também polinizando todas as flores que encontrar.
Tudo isso aconteceu num pequeno e lindo jardim.
 Por fim, nossa Lili compreendeu as emoções que sofreu.

                                                 Nilza Chagas de Amorim

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"A alma é uma borboleta...
há um instante em que uma voz nos diz
que chegou o momento de uma grande metamorfose..."


"Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses."
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