CANDOMBÁ - Poema







 














CANDOMBÁ

  Tude Celestino de Souza

 

Entre as pedrera qui incerra
Nos seus veio a turmalina,
Nas Lavra diamantina,
Naqueles confins da terra,
Nas brecha sêca da serra
Qui o só veve a quemá,
Naquelas banda de lá
Do mau fadado sertão,
Onde o ano todo é verão,
É qui nasce o candombá.

No sertão sem lei, sem nada,
Onde toda prantação
E tombem a criação
Morreu tudo isturricada,
Na terra sêca, quemada,
É qui nace o candombá
Qui serve pra se quemá
E acendê os fugão,
Candombá é no sertão
O gás do povo de lá.

Sertão qui quando hai fartura
Num hai terra mais mio,
Fruita é pra se inche mocó,
Requejão e rapadura,
Os home num tem usura
E as muié é uns amo;
Hai sempre bons cantado
Qui Cuma uma queda d’água,
Vão chorano suas máguas
E cantano suas dô.

Mas se hai seca, farta tudo,
Derna do pão a justiça
Num tem doto nem puliça,
Nem instrução nem istudo,
Os guverno sempre mudo,
Num se tem pronde apelá
O povo bom a pená
De mulambo é qui se cobre
E a vida sêca do pobre
É Cuma a do camdombá.

E a sêca firme demora
Cum toda a sua mardade
E entonce a felicidade
Diz adeus e vai-se embora
A fome diz “tá na hora”
E os home de pusição
Qui nos tempo de inleição
Abraça o povo se rino
Vão tudo se assumino
Sem alma, sem coração.

Candombá, dá providença.
Faz o teu fogo queimá,
Ou pulo menos isquentá
Dos guverno a indiferença
Queima os papé das pendença
Dos vidraçados salão,
Reduz à cinza os ladrão
E mostra no teu luzi
Qui nos mapa do Brasi
Tombém ixeste o sertão.
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É impossível descrever a emoção que senti ao ouvir pela primeira vez o poema Candombá,  declamado maravilhosamente pela fantástica atriz e produtora cultural Jus Tina Tude.
 Esse momento divino  marcou e enriqueceu a a minha alma. Pura emoção. 
                        Nilza Chagas de Amorim
Abaixo o evento que me oportunizou tamanha emoção.



Minha fotoAtriz e produtora cultural graduada em Artes Cênicas pela UFBA - Universidade Federal da Bahia, com passagem pela UNB - Universidade de Brasília e tendo também cursado Letras pela UCSAL - Universidade Católica do Salvador. Artista de trajetória pautada na formação em interpretação teatral traz, contudo, da obra literária e do pensamento de seu pai, o poeta Tude Celestino de Souza, a grande influência para a atividade artística e de gestão cultural, tendo idealizado o Movimento ATiTude CelesTina, uma ação cultural com foco na Poesia Tudina e a identidade da antiga localidade de Ipitanga. Autora e coordenadora geral do Projeto ATiTude – Identidade & Memória de Ipitanga, na Secretaria Municipal de Educação de Lauro de Freitas; membro do Conselho Municipal de Cultura de Lauro de Freitas, da Academia de Letras e Artes de Lauro de Freitas e colaboradora de projetos relativos à integração entre educação e cultura no município, como a Roda de Teatro e o grupo Amantes do Conhecimento.
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