CONSTRUÇÕES II - Reflexões




CONSTRUÇÕES  II

Uma coisa leva a outra.
É incontestável a beleza e a praticidade das construções modernas, principalmente das que são planejadas para as classes de maior poder econômico. “ Os novos ricos” são os mais entusiasmados, e para eles são direcionados fantásticos empreendimentos. Um luxo só. Essas sim: São construções luxuosas, amplas, confortáveis. São práticos apartamentos ou casas que mais parecem verdadeiras mansões. Algumas até são construídas visando à economia de energia em "respeito ao meio ambiente". Isso é muito bom. Isso é ótimo.
Contudo, estão sendo construídos e, em grande escala, condomínios com imensas torres compostas de inúmeros apartamentos ou de inúmeras casas direcionadas, acredito eu, a classe média em alta ascensão.
Esses condomínios, com casas que possuem um espaço mínimo entre as demais construções, com  uma pequenina área para o tão sonhado jardim e a garagem, e, para compensar, o exclusivo espaço destinado ao lazer coletivo com  uma pequena piscina e um campinho...
Outro exemplo são os condomínios formados por imensos prédios (torres) de muitos apartamentos com belas e imensas piscinas. Estrategicamente embaixo destas “grandiosas” torres, os moradores terão a sua disposição um fabuloso espaço para seu lazer e conforto com: Brinquedoteca, academia, salão de jogos, salão de festas etc. O local é sempre possuidor de uma diminuta área verde, ou mesmo, quase nenhuma vegetação.
Essas belíssimas construções são destinados a moradia de um grande número de famílias que sonham com a casa própria num mundo de ilusão.
O que mais intriga é que o Brasil, ao contrário do Japão, sendo possuidor de uma imensa área despovoada utiliza o mínimo de espaço possível para os seus projetos de construção da casa própria. Contudo, apesar da redução dos cômodos, os imóveis ficam cada vez mais caros.
Enfim, reduzem-se os tamanhos e aumentam-se os valores para a sua aquisição. E nós compradores, iludidos e fascinados com os atrativos oferecidos, (mascarados de pequenos clubes de lazer e com segurança), não nos damos conta, dessa nova realidade espacial, e, encantados, muitos de nós passamos a viver em sofisticados pombais induzindo-nos a não receber visitas de parentes e amigos em nosso lar, já que os espaços são bastante reduzidos, o  que condicionam as famílias a só  utilizarem  as suas casas para uma convivência íntima e diminuta em que o pequeno espaço interno se resume  apenas  em comer e dormir com reduzido conforto.
Para nossa maior comodidade a opção mais sensata é a de colocarmos os nossos filhos menores em creches e os maiores, se possível for, nas escolas integrais.
Os filhos maiores ou os que precisam de acompanhantes  responsáveis e que estudam em um único turno, também podem e devem utilizar as áreas destinadas as brincadeiras e socializações.
Como  os apartamentos desses atuais empreendimentos são extremamente  pequenos e não comportam confortavelmente mais dos que os seus moradores, estes são obrigados  a realização dos seus eventos no salão de festas, caso haja vaga, ou nos espaços externos próprios para eventos. E  para os festejos mais íntimos  como Dias das Mães, dos Pais etc. existem sempre os restaurantes e bares.
Tudo isso está acontecendo, cada vez mais intenso com o nosso povo porque consciente ou inconscientemente as pessoas  estão se submetendo aos caprichos das construtoras, que visam sempre obterem maiores lucros, mesmo que para isso elas tenham que manipular o nosso modo de viver. 
Somos brasileiros. Somos um povo trabalhador, alegre, receptivo, gostamos de viver em família e da convivência com os amigos, e, de preferência nos finais de semanas ou sempre que possível, comer uma gostosa feijoada, um delicioso cozido, um churrasquinho maneiro, regados com muito riso e muita conversa, ao som de uma boa música, trocando experiências, contestando opiniões, contornando pequenos atritos, apaziguando, relaxando, desculpando, e, sempre que possível, reaproximando os mais afastados ao sabor da convivência prazerosa com os nossos pais, filhos, avós, netos, cunhados... Amigos.
Esse é o nosso jeito mágico de ser feliz. É que nos faz diferentes e queridos. É assim que preferimos viver.
Contudo, o resultado do modelo que estão  desenhados para nós não combinam com nosso jeito de ser e de viver,  e o resultado é uma grande e terrível frustração de uma boa parte dos encantados adquirentes desses  desejados imóveis. Ao longo do tempo desencanto acontece com o surgimento de novos problemas, e, paulatinamente o peso do ônus dessa modernidade  nos constrange e começa a nos sufocar.
 Taxas e mais taxas para reformas e manutenção, mais o aumento do valor fixo do condomínio  para compensar a queda da arrecadação provocada pelas desistências e pela inadimplência, fazendo com que os valores fiquem  cada vez mais altos, tornando impossível para alguns desses compradores o cumprimento dos seus compromissos,e, "quem não tem competência financeira não se estabelece", a dramática opção para os inexperientes, desavisados e descapitalizados , é a transferência ou venda do maravilhoso sonho que tornou-se  um terrível pesadelo e  num despertar  enlouquecedor, estes recorrem a inevitável venda do imóvel.
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Pituba

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Anos 80

Fim de linha antes da Praça Ana Lúcia Magalhães

FONTE:SkycraperCity
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