RAÇA E RACISMO - Reflexões



 
 
 



 
 

 

 
 
 
 
RAÇA E RACISMO

  Nilza Chagas de Amorim           

É difícil conceber nos dias de hoje, com toda a tecnologia disponível e informações científicas já divulgadas e conhecidas a respeito das nossas origens históricas e dos estudos do DNA, atitudes preconceituosas de “raça” e cor, e especialmente aqui, na Bahia, e mais precisamente na cidade de Salvador.

Contudo, existem ainda inúmeras pessoas aqui no Brasil e no mundo que sofrem esse doloroso constrangimento, inadmissível nos dias de hoje, imprimindo no seu caminhar inúmeras dificuldades, tais como: acesso a educação em todos os níveis disponíveis, oportunidades de emprego, ascensão e valorização profissional, salários mais justos etc.

No Brasil, apesar dos muitos esclarecimentos fornecidos pela mídia e por pessoas e educadores conscientes e responsáveis pela criação ou mesmo pela divulgação e esclarecimentos da Lei Federal nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989  que foi novamente redigida e posta em vigor atualmente como Lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997, ainda muitos persistem nesse atos criminosos, explícitos ou muitas vezes implícitos nas muitas ações realizadas sob inúmeros disfarces que visam burlar a Lei, eximindo o infrator das conseqüências.

Lembro-me de um relato feito por uma pessoa muito próxima e amiga e, que apesar dos muitos anos passados, sua narrativa estava carregada de decepção e profunda dor.

 Foi assim que ela começou a falar:

 - Eu estava num almoço entre “amigos,” pelo menos, era assim como eu os considerava, pois os tinha em alta estima.  Repentinamente, um deles virou-se para minha muito pequena e inocente filhinha, possuidora de uma linda pele “morena” e cabelos castanhos extremamente lisos e sedosos, embora sendo filha de pai negro. A criatura levantou os lábios da minha criança deixando à mostra as suas gengivas e, chamando a atenção das pessoas presentes, declarou em tom de deboche:

- Vejam vocês!  Essa menina é mesmo filha de negro, até a gengiva dela é roxa! Mesmo que  pareça uma índia, sua raça é negra.

- Todos, ou pelo menos a maioria dos que se encontravam a mesa, riram fazendo uma tremenda algazarra. Eu, humilhada e com lágrimas nos olhos, e sem ação para revidar, pois, naquela época eu era extremamente pobre, e deles vinham diversos tipos de serviços domésticos que pelos quais eles pagavam em dinheiro ou mesmo em mantimentos que garantiam o sustento, mesmo que precário, da minha família. Confesso, que a dor que senti foi avassaladora. Retirei-me da sala levando junto a minha filha, e com o máximo das minhas forças sufoquei o choro para evitar mais sofrimentos.

 - A partir daquele dia, quando me encontrava entre eles, me sentia a pior das criaturas, e aquela alegria de estar presente no grupo desapareceu por completo.

 

 Ao relembrar esse traumatizante relato, eu me pergunto:

- Por que o preconceito?

- Raça? A raça é humana, não é negra, não é branca etc. como muitos de nós por ignorância, prepotência ou mesmo por puro preconceito  costumamos conceituar os seres humanos que,  por força genética trazem registrados no seu biótipo, diferentes tons e texturas de cabelos, cor e formato de olhos, formatos de nariz, lábios, enfim, marcas registradas da herança do nosso DNA.

O ser humano muitas vezes cometem atos verdadeiramente mostruosos e que marcam outros seres humanos para o resto de suas vidas. Muitos deles não levam em consideração as consequências dos seus atos, que podem até destruir uma vida sem deixar uma mancha ou derramar uma gota de sangue.

A vida humana é preciosa. Precisa e deve ser respeitada. Não só fisicamente, como também psicologicamente. Respeitemos a todos como queremos e precisamos ser respeitados, pois só assim, teremos um mundo melhor para todos e verdadeiramente HUMANO



 


 
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