OS FILHOS
Uma
mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos
filhos."
E
ele falou:
Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. Podeis dar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, Porque eles têm seus próprios pensamentos. Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas; Pois suas almas moram na mansão do amanhã, Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho. Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados. Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas. O arqueiro mira o alvo na direção do infinito e vos estica com toda a sua força Para que suas flechas se projetem rápidas e para longe. Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria: Pois assim como ele ama a flecha que voa, Ama também o arco que permanece estável. Gibran Kahlil
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Biografia:
Seu nome
completo é Gibran Kahlil Gibran. Assim assinava em árabe. Em inglês, preferiu
a forma reduzida e ligeiramente modificada de Khalil Gibran. É mais comumente
conhecido sob o simples nome de Gibran.
1883 –
Nasceu em 6 de dezembro, em Bsharri, nas montanhas do Líbano, a uma pequena
distância dos cedros milenares. Tinha oito anos quando, um dia, um temporal
se abate sobre sua cidade. Gibran olha, fascinado, para a natureza em fúria
e, estando sua mãe ocupada, abre a porta e sai a correr com os ventos. Quando
a mãe, apavorada, o alcança e repreende, ele lhe responde com todo o ardor de
suas paixões nascentes: "Mas, mamãe, eu gosto das tempestades. Gosto
delas. Gosto!" (Um de seus livros em árabe será intitulado Temporais).
1894 –
Emigra para os Estados Unidos, com a mãe, o irmão Pedro e as duas irmãs
Mariana e Sultane. Vão morar em Boston. O pai permanece em Bsharri.
1898/1902 –
Vota ao Líbano para completar seus estudos árabes. Matricula-se no Colégio da
Sabedoria, em Beirute. Ao diretor, que procura acalmar sua ambição
impaciente, dizendo-lhe que uma escada deve ser galgada degrau por degrau,
Gibran responde: "Mas as águias não usam escadas!"
1902/1908 –
De novo em Boston. Sua mãe e seu irmão morrem em 1903. Gibran escreve poemas
e meditações para Al-Muhajer (O Emigrante), jornal árabe
publicado em Boston. Seu estilo novo, cheio de música, imagens e símbolos,
atrai-lhe a atenção do Mundo Árabe. Desenha e pinta numa arte mística que lhe
é própria. Uma exposição de seus primeiros quadros desperta o interesse de
uma diretora de escola americana, Mary Haskell, que lhe oferece custear seus
estudos artísticos em Paris.
1908/1910 –
Em Paris. Estuda na Académie Julien. Trabalha freneticamente. Frequenta
museus, exposições, bibliotecas. Conhece Auguste Rodin. Uma de suas telas é
escolhida para a Exposição das Belas-Artes de 1910. Nesse ínterim, morrem seu
pai e sua irmã Sultane.
1910 –
Volta a Boston e, no mesmo ano, muda-se para Nova York, onde permanecerá até
o fim da vida. Mora só, num apartamento sóbrio que ele e seus amigos chamam As-Saumaa (O
Eremitério). Mariana, sua irmã, permanece em Boston. Em Nova York, Gibran
reúne em volta de si uma plêiade de escritores libaneses e sírios que, embora
estabelecidos nos Estados Unidos, escrevem em árabe com idênticos anseios de
renovação. O grupo forma uma academia literária que se intitula Ar-Rabita
Al-Kalamia (A Liga Literária), e que muito contribuiu para o
renascimento das letras árabes. Seus porta-vozes foram, sucessivamente, duas
revistas árabes editadas em Nova York: Al-Funun (As Artes) e As-Saieh (O
Errante).
1905/1920 –
Gibran escreve quase que exclusivamente em árabe e publica sete livros nessa
língua: 1905, A Música; 1906, As Ninfas do Vale;
1908, Espíritos Rebeldes; 1912, Asas Partidas; 1914, Uma
Lágrima e um Sorriso; 1919, A Procissão; 1920, Temporais.
(Após sua morte, será publicado um oitavo livro, sob o título de Curiosidades
e Belezas, composto de artigos e histórias já aparecidas em outros livros
e de algumas páginas inéditas).
1918/1931 –
Gibran deixa, pouco a pouco, de escrever em árabe e dedica-se ao inglês, no
qual produz também oito livros: 1918, O Louco; 1920, O
Precursor; 1923, O Profeta; 1927, Areia e Espuma;
1928, Jesus, o Filho do Homem; 1931, Os Deuses da Terra.
(Após sua morte serão publicados mais dois: 1932, O Errante;
1933, O Jardim do Profeta.) Todos os livros em inglês de Gibran
foram lançados por Alfred A. Knopf, dinâmico editor norte-americano com
inclinação para descobrir e lançar novos talentos. Ao mesmo tempo em que
escreve, Gibran se dedica a desenhar e pintar. Sua arte, inspirada pelo mesmo
idealismo que lhe inspirou os livros, distingue-se pela beleza e a pureza das
formas. Todos os seus livros em inglês foram por ele ilustrados com desenhos
evocativos e místicos, de interpretação às vezes difícil, mas de profunda
inspiração. Seus quadros foram expostos várias vezes com êxito em Boston e
Nova York. Seus desenhos de personalidades históricas são também célebres.
1931 –
Gibran morre em 10 de abril, no Hospital São Vicente, em Nova York, no
decorrer de uma crise pulmonar que o deixara inconsciente.
_____________________________________________________________-FONTE:
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OS FILHOS - Mensagem
OS FILHOS - Mensagem
2013-04-09T17:10:00-03:00
Nilza C. Amorim
MENSAGEM - Os Filhos/KHALIL GIBRAN|
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